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30 maio 2021

Médico que foi morto na Bahia tinha programa social e fazia atendimentos gratuitos: ‘Tudo era por conta dele’, diz enfermeira

 

O médico Andrade Lopes Santana, 32 anos, que foi encontrado morto dentro do Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos, a cerca de 115 km de Salvador, tinha um programa social e fazia atendimentos gratuitos na cidade de Araci, onde ele morava e trabalhava na Bahia.

De acordo com a enfermeira Luize Keilane, que trabalhava com Andrade, todos os atendimentos já feitos pelo programa eram custeados pelo próprio médico.

“Ele simplesmente atendia de graça [gratuitamente] as pessoas mais pobres nas comunidades. Tudo era por conta dele. Os transportes que levava a gente, o combustível, tudo”, contou ela.

O corpo de Andrade foi enterrado neste sábado (29), no Cemitério Paroquial de Araci, sob forte comoção. Os moradores da cidade fizeram um cortejo antes do sepultamento da vítima.

O carro com o corpo dele saiu da casa onde Andrade morava. O cortejo parou na frente da Câmara de Vereadores para homenagem e depois seguiu para o cemitério, onde a vítima enterrada.

A mãe da vítima, Dormitília Lopes, falou sobre o momento em que encontrou o suspeito do crime, que foi o responsável por registrar o desparecimento de Andrade na delegacia de Feira de Santana. Geraldo Freitas foi preso na sexta-feira (28), horas após o corpo de Andrade ser encontrado.

A mãe da vítima disse não ter ódio de Geraldo e afirma que o perdoou pelo crime, mas que espera que ele seja condenado pela morte do médico.

“Eu quero que a sociedade dê uma olhada no assassino, para ele ir preso. Ele não pode ficar solto. Eu perdoei ele. E às vezes as pessoas dizem: ‘Você perdoou, mas quer que ele vá preso’. Eu quero que ele vá preso, não que ele morra. Ele tem que viver para ver a dor de uma mãe. Ele tem que sentir por muito tempo a dor que eu estou sentindo”.

Ela também lembrou momentos que passou com o filho, que nasceu no Acre, e falou sobre o cuidado que ele tinha com os pacientes de Araci.

“Uma vez ele me deu um abraço e disse: ‘Mãe, às vezes eu nem curo com o remédio, é com o carinho’. Ele dava abraço, e como ele era altão, colocava debaixo do braço e abraçava. Era aquele amor que ele tinha de cuidar, que as pessoas vivendo nesse mundo não têm mais aquele carinho especial, que as pessoas merecem ter uns pelos outros”.

Dormitília disse que está sentindo a dor da falta do filho e da presença dele, mas que está tranquila porque sabe que Andrade construiu um bom legado e ajudou muitas pessoas.

“Eu estou com muita dor no coração, porque eu perdi a presença do meu filho. Diante de que já perdi a presença dele, eu estou feliz porque eu tenho certeza que meu filho está ao lado de Jesus. Ele está melhor do que nós, longe desse mundo perverso, de ego, onde nós vivemos. Onde as pessoas têm inveja, ciúmes, ambição. O meu filho vivia a vida intensamente. Hoje eu estou entendendo porque o meu filho vivia intensamente”.

A perícia do Departamento de Polícia Técnica (DPT) constatou que Andrade foi morto com um tiro na nuca. O suspeito ainda prendeu uma âncora, amarrada a uma corda no braço da vítima, para evitar que o corpo emergisse nas águas do rio.

“Meu filho foi morto de joelhos, com um tiro na nuca. Meu filho se ajoelhou e ele teve oportunidade de pedir perdão a Deus, de não ter dedicado mais o tempo dele ao senhor. Ele cuidava do próximo”.

Dormitília também falou sobre como as pessoas paravam ela em Araci, para falar sobre os feitos do filho e sobre como ele era querido pela população.

“Eu ia passando e as pessoas gritavam: ‘O seu filho fez isso por mim’. As meninas, as crianças, os senhores. Eu fui muito bem cuidada pelo povo daqui. Hoje eu entendi mais uma coisa: a bíblia fala de honra. O meu filho tinha que vir para Araci, aonde ele teve a honra que merecia. Deus botou ele no meio de um povo que viu o amor que ele tinha no coração, pelas pessoas mais humildes, pelas pessoas necessitadas”. “

O corpo de Andrade foi encontrado no Rio Jacuípe na manhã de sexta-feira (28). Horas depois, o colega dele, identificado como Geraldo Freitas, foi preso. O homem foi o responsável por registrar o desparecimento do amigo na delegacia de Feira de Santana.

Geraldo estudou medicina com Andrade, em uma faculdade na Bolívia. Concluído o curso, os dois se mudaram para o interior da Bahia, para trabalhar.

De acordo com o delegado Roberto Leal, que é coordenador de polícia na região de Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Araci, o suspeito chegou a receber os familiares da vítima, que moram no Acre, quando eles chegaram na Bahia. Ele informou ainda que a polícia investiga se há participação de outras pessoas, além da motivação do crime.

De acordo com os peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), foi constatado um disparo de arma de fogo na nuca e uma corda no braço amarrada a uma âncora para o corpo não emergir nas águas do rio Jacuípe.

O delegado informou que a polícia começou a suspeitar de Geraldo Freitas após contradições apresentadas no depoimento. Depois, foi identificado que ele foi quem comprou a âncora encontrada com o corpo da vítima.

Ainda segundo a polícia, o suspeito e a vítima tinham combinado de andar de moto aquática. A versão apontada pelo colega de Andrade na delegacia era a de que o amigo tinha comentado que sairia para comprar a moto, o que foi descartado.

Uma moto aquática foi encontrada no condomínio onde o suspeito foi preso, no início da tarde de sexta-feira, em Feira de Santana.

A mãe de Andrade, Dormitília Lopes, contou que já esperava receber a notícia de que o filho estava morto quando viajou para acompanhar as investigações na Bahia.

Andrade havia desaparecido na segunda-feira (24), depois de sair de Araci, a 220 km de Salvador, com destino a Feira de Santana. Natural do Acre, o médico se mudou para a Bahia em 2016, para exercer a medicina. Ele trabalhava como psiquiatra em uma unidade de saúde de Araci e em mais outras três cidades baianas.

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